sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Quem é incoerente?

INCOERÊNCIA?

Aliado: Unido a outro/a(s) em igualdade de condições, ou com limites pré-estabelecidos, em defesa dos mesmos interesses.

Coerência: Qualidade ou estado de quem é coerente; conexão; harmonia, acordo, não-contradição.

Coerente: lógico; sem contradição; coeso.

Coeso: Unido; harmonizado; harmônico; coerente.

Contradição: incoerência; falta de coerência.


Nunca bati palmas com minhas mãos escondidas sob a mesa!
Jamais fugi de uma luta, de minha luta, e minha Luta é a defesa de minha classe, a classe trabalhadora de Açailândia, num contexto universal; e a categoria Servidor Público do Município, mais precisamente. Por ser eu um dos servidores de nossa cidade.
Nunca em minha luta fiz acordos espúrios, contraditórios, jamais participei de uma ação que não fosse pela defesa de nossos interesses e nunca sobrepus os meus aos da nossa classe.
Nunca permiti que me usassem, ou que usassem a nossa luta como trampolim eleitoreiro.
Em tempo nenhum acatei submissamente, silenciosamente que vontades pessoais de quem quer que seja se sobrepusessem aos direitos de todos.
- Meus direitos terminam onde começam os teus, e isso deve ser recíproco!
Eis o Axioma da democracia mais bonito que ouvi e que busquei seguir. Em toda a minha vida caminhei democraticamente e detesto o desrespeito à democracia.
Nada me irrita mais que quando noto o uso da mídia como ideologia de deturpação e quando esta deturpação põe nódoas na liberdade de expressão, é indigno o indivíduo que expõe idéias, que acusa outrem, que desdenha de outra pessoa e não assina seu texto, Todo apócrifo é um traidor! É um covarde.
A Mídia maculada e manipulada, não é democracia, é qualquer coisa menos verdade, e está a serviço de capadócios que vivem certamente a sombra de árvores frutíferas esperando que elas lhes alimente.
Incoerente?
A incoerência está em quem passa parte de sua vida “combatendo” outro/a, a quem “considera”, ou diz crápula, chefe de súcia; e de repente, do nada (estranho nada dos interesses escusos, do emprego fácil, do cargo político), passa a defende-lo/a, e usa de sua “moral” para desmacular a quem outrora havia tachado/a.
Para este blogueiro que não escreve em blogues apócrifos há:
Adversários e inimigos dos trabalhadores!
Eu posso não concordar com uma política, com uma administração, com uma proposta, às vezes, ideologicamente, o discurso não é certo, mas por causa da luta, posso e me aproximo como aliado para construir caminhos que desemboquem na liberdade do trabalhador oprimido. Sim porque todo trabalhador/a é oprimido/a, o que falta a alguns/mas é entender que vivemos num mundo de alternativas e de futuro a ser construído e não de futuro pré-estabelecido. Esses/as muitas vezes são meus/minhas adversários/as, outras são meus/minhas aliados/as.
Porém não posso, não quero e não vou dizer ao Maranhão que fulano/a é vil, corrupto/a, oligarca, quadrilheiro/a, opressor/a do povo deste Estado por mais de 40 anos, e assim do nada, (inexplicável), dizer que o que havia dito antes sobre essa pessoa não era verdade.
Ou Mentia antes, ou Minto agora!
Esse tipo de coerência não é minha coerência!
Quando bato palmas, todo mundo vê minhas mãos pobres, mas Livres se encontrarem repetida e fortemente.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009


Suicídio

A pior imagem de minha retina
de menino vivas,
Não vi, mas ainda imagino
Um corpo pendurado pelo pescoço
numa corda
e uma grande língua inchada
saindo daquele corpo
Isso aconteceu na rua da igreja adventista
numa casa de Antônio Panta,
essa imagem me persegue ainda
quando ouço: Suicídio...
Lembro-me de duas meninas morenas,
lindas, gêmeas,
chorando pelo pai
Na mais feia imagem
Que imagino

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Covardes


Covardes

Nas noites em que passo pela praça,
praça do Pioneiro,
noto a violência das gangs dominando
olhares assustados dos simples freqüentadores.
Nas noites que passo
pelo paço da rodoviária
percebo:
homens e mulheres ainda assustados,
com medo,
temendo o caos dos ratos;
Gang dos ratos
que o centro da cidade dominou.
Dominou apenas por nosso medo
medo que de nós se assenhoreou...
A terra dos açaís já não tem mais noites limpas,
já não tem mais noites livres,
Perdeu-as aos ratos,
que unidos a tomaram de nós
(por nosso medo.
medo de ratos)
Porém ratos são covardes
Enfrentando nossos medos.
(confrontando os ratos),
mais tarde ou mais cedo,
os ratos,
como todos os covardes
Fugirão!

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Lago

Tenho em meu ser:
a mágoa e um lago,
a mágoa é de você,
o lago, são águas acumuladas
das lágrimas não choradas
por seu amor!

Quase não rio
e o rio que corre no meu peito
se perde no seu beijo,
seca-se no seu leito
e renasce nos versos que crio!
Não, não sou Deus,
sou desatino de menino
órfão do seu amor!
Sem destino, sem jeito,
tristonho e sem cor...
E no meu peito tem um lago,
meu ser é todo mágoa
por perder o seu amor!

sábado, 3 de outubro de 2009

A maior Inimiga do povo Açailandense

A maior Inimiga do povo Açailandense


A governadora do estado do Maranhão Roseana Sarney, ataca seus adversários, não como se fossem apenas adversários, mas inimigos.
Como o prefeito Ildemar Gonçalves é de um dos partidos que deram sustentabilidade ao governador Jackson Lago; governador que perdeu o mandato por supostos e improváveis crimes eleitorais. Roseana agora investe com toda a fúria possível sobre o prefeito, levando de arrastão toda a já sofrida população mais carente de nossa cidade. Também assim faz com cidades circunvizinhas.
Para ficar mais claro, a governadora, não ataca o cidadão, o empresário Ildemar Gonçalves, ela o ataca tirando-lhe os recursos do município, ou partes substanciais desses recursos que são empregados na Saúde, na Educação e na Infra-estrutura de Açailândia, aumentando a nossa crise, o desemprego e nossos velhos problemas administrativos e conjunturais; pois Açailãndia que vive da exportação de ferro gusa ainda não se recuperou da crise mundial, porque como sabemos os países compradores desta matéria prima ainda estão em recessão acentuada e não comprando ou comprando muito pouco dela.
Como primeira consequência das atitudes da governadora, milhares de alunos das escolas estaduais de nível fundamental e médio do município correm o risco de ficar sem aulas, não por falta de professores, porém, por falta de zeladores, todos demitidos pelo prefeito Ildemar, por não ter mais prefeitura condições de pagá-los tendo em vista já ditos cortes substanciais que a governadora vem fazendo nos repasses do município.
Por BIRRA de menina mimada que acredita ter o nosso estado como espólio familiar e não aceitar o princípio básico da democracia, que todo governo deve ter uma oposição, e que essa oposição deve ser respeitada.

- O respeito que Roseana demonstra vem das agressões contra antigos e fiéis correligionários que simplesmente apoiaram o prefeito Ildemar em sua reeleição.

- O respeito da Sarney se apresenta no cancelamento de convênios que o prefeito havia construído com a gestão anterior e por ela foram cancelados.
- O respeito da Governadora se dá forma quando arbitrariamente retira centenas de milhares de reais da conta da prefeitura, dinheiro que usado para pagar salários de servidores.

ROSEANA não é inimiga de Ildemar. ELA É INIMIGA DO POBRE, DO SERVIDOR PÚBLICO MUNICIPAL AÇAILANDENSE E INIMIGA DO POVO DESTA CIDADE

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

II

As águas salobras do Salgado
estão em minha veias,
como as areias de seu leito
estão em minhas unhas e cabelos...
Meu pai já descansa
a distância que o Salgado
não alcança,
mas bem perto do Salgado!
Eu bem distante me conforto
Por ter o Salgado,
Suas águas em minhas veias,
Meu versejar saudoso
E suas areias em meu ser!

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Incompleto


Às vezes olho para você
e penso no que não tenho,
penso no que possuo
E no que poderia haver...
Não há amor em você,
Você não me ama, não me crê...
deseja de mim versos sem rima,
não me beija,
Não me sonha...
Às vezes olho pra você
e penso em me reaver,
penso no que tenho, na vontade e no sofrer!
Os lírios me vêm então,
brancos, belos... efêmeros...
quero esquecer a vida,
num instante ser feliz,
depois esquecer de que fui feliz, da rosa, dos lírios... e de você!
Às vezes olho pra você
e me percebo só,
sem seu amor...
Sem realmente ter
Seu corpo nu e sua alma exposta...

Pra você de novo


O Beijo

Era o aniversário de Estefânia,
eu beijei Lalie,
beijei o sonho e acordei,
Lalie não está comigo.
Nem em mim, senão lembranças,
mas seu beijo está em mim.
Beijo de menina namoradeira
que me fez feliz... que me fez feliz!
Na praça do beijo
Há ainda árvores testemunhas
Desse meu beijo,
Lalie se foi, fomos...
Mas a noite desse meu beijo
Permanece lá
Feliz!

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Imagem e Poesia


O Que Tenho


Eu posso falar da flor,
da luz,
da vida,
da poesia,
de você em mim,
do meu amor... Assim!
Eu posso sentir seu cheiro em mim,
o perfume da rosa,
a essência da rosa em mim...
O verso,
a essência da poesia
enfim...

Só não tenho seu caminho
e não posso falar do seu carinho,
pois falo do que possuo
e sei que tenho de ti
a dor
e não seu amar
ou seu querer!

Esta também é pra você!

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Dualidades



Em mim vivem dois seres,
Dois seres estranhos e incompatíveis;
Um é amante e ilusão
O outro lógica e razão.
Um é ternura e afeto
O outro é sexo e tesão...
Um sorri,
O outro chora...
Há em mim dois seres
Lucidez e bruma,
Incerteza e conclusão,
Justeza e contradição.
Dois seres que combatem
Uma batalha cruel,
Uma guerra infinda,
Um deseja o inferno
O outro busca o céu...
E os dois buscam teu riso
Não o teu desprezar.
Os dois querem teu olhar e teu sonhar,
Mas um imagina o paraíso,
O outro quer apenas um único voar,
Vôo libertino,
Vôo de amar!
Para um linda colega de curso e de sala

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Esclarecendo.

A poesia é algo que está no ser,
imperceptivelmente.
O poeta a encontra na flor,
na vida,
no espinho,
na morte,
na pedra do meio do caminho...
Poesia é fantasia,
é realidade,
é dor,
é felicidade;
A poesia traduz, expõe,
Ilumina e acrescenta liberdade.
Poesia é vida, pura vida e nasce do arranha-céu,
do casebre,
do Getat e do Morro-do-urubu;
Nela encontramos, a ternura, a revolta,
a emoção, a revolução,
a guerra, a paz...

sábado, 12 de setembro de 2009

Um segredo

Queria que você soubesse o que tenho percebido em mim,
queria que você soubesse o que tenho perdido de mim...
O quanto reluto para dizer te quero,
quanto temo lhe querer assim...
Mas seu cheiro me chega de manhã,
invade meu ser,
esconde-se dentro de mim
e acorda você em meus sonhos,
Linda, perfumada... Nua
beija minha boca ternamente,
candidamente como jamais fui beijado,
ri de mim e se vai
entre as nuvens num vôo pleno...
Tenho-lhe um querer imenso,
maior que nós dois,
maior que a vida,
porém, não posso lhe querer!
Não tenho como lhe ter
e você não me tem,
e você não pode voar nesse vôo estranho,
nesse seu vôo noturno em minha alma!

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Sobre a TV Brasileira

A Folha quer o fim da TV Brasil

Por Marcelo Salles

A Folha quer o fim da TV Brasil. Em editorial publicado hoje argumenta que a audiência é baixa, que sua criação não foi um ato democrático (porque nasceu de um decreto) e que gasta, por ano, 350 milhões de reais do dinheiro do contribuinte. Por isso, encerra o texto da seguinte forma: “Os vícios de origem e o retumbante fracasso de audiência recomendam que a TV seja fechada – antes que se desperdice mais dinheiro do contribuinte” (veja a íntegra abaixo).
Eu tenho críticas à TV Brasil, mas nenhuma delas tem a ver com a opinião da Folha. Aliás, seria bom a gente perguntar: a quem serve a Folha? No cabeçalho se diz que é um jornal a serviço do Brasil, o que soa como piada pra quem conhece minimamente a história da imprensa do país. Pra não ir muito longe, basta dizer que o jornalão emprestou veículos para a ditadura. Mas talvez isso seja uma questão de ponto de vista: estavam, diria o jornal da “ditabranda”, a serviço do Brasil contra a Comunidade Comunista, que pretendia se instalar no governo federal.
Voltando. A TV Brasil é uma tentativa de cumprir a Constituição, que determina a complementariedade entre os serviços privado, público e estatal. Hoje só existe o privado e, tenho certeza, isto tem a ver com o lixo jogado no ar todos os dias. Sim, amigos, a televisão privada brasileira é um lixo. Não presta. Raríssimos são os programas razoáveis. Na Globo, por exemplo, nada menos que metade da programação entre 12h e 24h é de novela. E de uma novela que dissemina os piores valores morais que existem.
Posso concordar que existem erros graves na TV Brasil, e o primeiro deles foi a entrega dos cargos de direção para jornalistas oriundos das corporações de mídia. Com isso o governo indicou uma conciliação, não uma mudança substancial no jeito de fazer jornalismo. Assim, não é à toa que muito do conteúdo veiculado pela TV Brasil, sobretudo nos telejornais, tem sido muito parecido com aquele das corporações privadas (ver a carta do Mário Augusto Jakobskind à Ouvidoria da emissora, aqui no Fazendo Media).
Por outro lado, não dá pra dizer que é tudo igual. Se pegarmos a programação como um todo, veremos a existência de iniciativas que jamais teriam vez no atual sistema privado de televisão. É o caso dos documentários, que dão voz e vez aos segmentos da sociedade que só aparecem na mídia corporativa como bandidos.
Por isso, o governo precisa se manter firme diante da pressão da Folha. E contra-atacar. Pra começar, coloque em pauta a mudança na lei que criminaliza as rádios comunitárias e determine que sua Polícia Federal vá se preocupar com aqueles que realmente ameaçam a sociedade. Essa babaquice de inimigo interno já fez muito mal ao país. Enquanto calam as vozes do povo, armas e drogas atravessam nossas fronteiras numa boa. O Rio está infestado delas, e boa parte da culpa é da falta de fiscalização.
No Brasil arcaico do século XXI, as emissoras privadas de televisão, todas golpistas, ainda recebem dinheiro grosso do governo (meu, seu, nosso) para veicular campanhas publicitárias de saúde pública. Em países um pouquinho mais civilizados isso não é assim, pois como as emissoras privadas são concessões públicas (decididas pelo meu, seu, nossos representantes no Congresso), trata-se de uma obrigação ceder espaço para veiculação de mensagens de interesse público, sobretudo em relação a epidemias (como, atualmente, a gripe suína). Isso a Folha não critica.
Assim como não vê problemas na existência de um oligopólio privado na televisão aberta. Justo o jornal que faz propaganda dizendo-se democrata (”quem lê a Folha fortalece a democracia”). Deveria ser processado por propaganda enganosa. A Folha não se incomoda com a SS brasileira, a Sociedade Sinistra que congrega TV Globo, RedeTV, Band, CNT, SBT e Record. É como se fosse natural que apenas 6 empresas tivessem o direito de se comunicar via tv com 191 milhões de pessoas. E, pior, é como se fosse natural que esse oligopólio se posicionasse, compacto, pela economia de mercado, pela cultura enlatada, pela política coronelista (Sarney foi “descoberto” com 30 anos de atraso), pelo imperialismo e pela exploração das riquezas e do povo brasileiro. É isso que veiculam, todos os dias, e, se discordam, desafio qualquer diretor de qualquer uma dessas empresas para um debate público, de preferência veiculado em cadeia nacional de rádio e televisão.
Eis a dupla desgraça brasileira. Um sistema de comunicação apátrida, a serviço do capitalismo internacional, e um governo – eleito pelo povo e pelos movimentos sociais organizados – que não se livra disso.

Marcelo Salles, jornalista, é coordenador da Caros Amigos no Rio de Janeiro.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Eu Amo Você

Amo você,
por quê?
Talvez porque você está
e não está...
porque seu corpo
apossa-se de minhas dores,
Acende meu desejo, (talvez),
ascenda minha vida talvez...
porque talvez seu cheiro cale minha razão
incendeia-me de tezão,
ascenda minha compreensão...
Mas com certeza,
porque me amo menos que deveria
e o que sobra desse amor
passo a você,
compartilho-o com você!

Sua imagem é para mim
um pouco eu
e está em todos os meus dias

Eu com certeza,
Amo você!

terça-feira, 30 de junho de 2009

Coragem

O sítio não era o que se pode chamar de grande, tinha uns dois alqueires, uma casa, um galinheiro, um chiqueiro pequeno e um depósito, quem chegava percebia logo pelo estado das terras que seu dono não vivia delas, somente ao redor da casa é que se percebia um esmerado cuidado, a hortinha, o jardim e o terreiro, tudo limpinho de dar gosto. Na casa viviam cinco pessoas, o pai, a mãe e três filhas; Iaiá, Dionísia e Maria do Amparo. O pai, conhecido por todos era o Augusto da Venda, e na venda ele trabalhava do nascer do sol ao escurecer, da venda ele tirava o sustento, e sua venda era a melhor da vila, a maior e a que mais vendia. A mãe, Dona Teté, quando não estava na venda ajudando seu marido, vivia a costurar, a vida no sítio corria por conta das meninas, sendo Iaiá a responsável pelo trabalho da casa e seu redor.
Naquele inverno de 89, as chuvas começaram um pouco mais tarde e mais fortes no sudoeste do Maranhão. No terceiro domingo de janeiro, porém na manhã daquele domingo, após a missa a casa de Augusto recebeu uma visita desconhecida e inesperada, enquanto ele e Maria do Amparo arrumavam a porteira foram abordados por um homem que assim lhes falou:
- Bom dia, posso falá com vocês?
- Sim, em que posso lhe ajudar conterrâneo? Era sempre assim que Augusto atendia as pessoas na venda, e mesmo na vida quando era abordado.
- Apois num é patrão, venho fugino da seca do Piauí, aqui e acolá pedino um prato de comida, trocano por uma diára, limpano uma juquira, consertano uma cerca, sabe patrão, meu nome é Abel, lá no Piauí, dexei a muié e os fís... quero ir pro lado do Pará arrumá trabaio, porém nesse instante, tenho mermo é muita fome...
- Pois num se apoquente, segure aqui essa porteira enquanto eu bato uns prego e depois você almoça conosco, Amparo, diga a sua mãe que hoje nós tem convidado.
Um ano depois desse diálogo encontramos Abel tocando o sítio de Augusto; pedira um prato de comida e foi ficando, pediu pra fazer uma roça e fez, pediu pra fazer um barraco e fez, Augusto estava contente, pois para ele encontrara alguém em quem acreditava poder confiar, o sítio já não era só a casa, a horta e o galinheiro, Abel havia botado roça, arrumado a cerca, limpado a cisterna, e apesar da preocupação de Teté, e do fato de Abel nem se preocupar com a mulher e os filhos no Piauí, o sujeito era trabalhador e de confiança, confiança incontestável. Em dezembro Iaiá fora pedida em casamento, em junho ela se casaria, Dionísia e Amparo, estavam a estudar e a menina Dionísia só falava em ir pra São Luis, Brasília ou São Paulo, logo só ficariam ele e Teté, Augusto já havia até resolvido comprar uma casa na vila, mais perto da venda e mais distante do sítio.Porém Abel, não merecia a confiança que Augusto nele depositara, a mulher e os filhos do Piauí nunca existiram, além da seca, do que Abel fugia mesmo era da polícia, Abel havia matado no Piauí e fugira, graças a distância e a falta de comunicação na vila, Abel vivia livre e tranqüilo, apesar de Dona Teté dele não gostar, aos poucos Abel fora se tornando “dono do sítio”, mas Abel longe de ter se regenerado, vivia espreitando as meninas durante o banho, e Dionísia, se sentia feliz quando percebia que estava sendo olhada pelo perigo. Dionísia era bonita, tinha uma cabeleira loira, um corpo perfeito, seios médios, cintura fina, quadris largos, porém, levada pela vaidade, talvez, talvez pela carência afetiva, ela não só gostava de ser vista pelo empregado do sítio, como lhe permitia que a tocasse e pedia para que ele a deixasse vê-lo a se masturbar, ou seja, Dionísia, alimentava o desejo doentio de Abel... Todavia, apesar desse relacionamento doentio com Dionísia, Abel se perdia mesmo era quando via Maria do Amparo, em seus doze anos de menina impúbere, em ações privadas, vê-la banhando, o fazia queimar-se em sonhos loucos, sonhos que ele acreditava um dia realizar. Em junho, Iaiá casou-se e foi morar na fazenda do noivo; em setembro, Dionísia, com 16 anos, fugiu de casa, só se soube muito depois que ela se tornara prostituta no Rio, meio que de desgosto, meio que de doença cardíaca Dona Teté morreu em dezembro e no sítio foram ficando Augusto, Abel e Amparo; ferido pela dor da perda da filha e da esposa, Augusto quase já não vinha ao sítio, dormia na venda, vinha apenas saber da filha, e a casa na vila que ele comprara, e que reformava quando a mulher morreu, estava como estava no dia da morte dela, com a reforma parada, sem teto, com as paredes nuas, morrendo de tristeza como seu dono. Maria do Amparo, crescia, a puberdade lhe dera seios, pelos e menstruação, a vida lhe dera a dor, que ela estampava no olhar e que lhe deixara mais bonita ainda do que a irmã fugida. O que fazia Abel imaginar impossíveis e insanas situações onde ele a possuía e se tornava seu senhor, mas a menina lhe era arredia, fugia dele, passava mais horas na venda com o pai do que no sítio, onde só dormia, depois que fechava com tranca todas as portas, as vezes chegava a tentar dizer ao pai do assédio de Abel, mas antes que falasse o pai lhe cortava a conversa e punha-se a elogiar o empregado.
Na véspera do aniversário de quatorze anos, Amparo disse ao pai as cinco e meia da tarde:
- Papai, amanhã completo anos, hoje vou levar uma farinha e um leite pra fazer um bolinho, pra nós dois tomarmos café, por favor papaizinho, durma lá em casa hoje. - Amparo, sei que lhe tenho sido um pai mei ausente, sei disso minha fia, hoje num vai dá para eu dormi lá, é que tenho uns compromissozinhos assumidos antes, porém prometo chegar lá antes do café e comê seu bolo, mas prometo ir e lhe levá um presente, uma supresa... A menina então se despediu, beijando-lhe a testa e se dirigiu para sua casa.
Augusto então correu na casa vizinha e chamou:
- Terto, ô Terto! Logo um homem de mais ou menos uns quarenta anos veio em sua direção... - Sim, Seu Augusto, que pressa e essa homem, que bicho lhe mordeu, diga logo? - Então Terto, vamos faze o negócio, ou não? - Mas Seu Augusto, minha casa num vale seu sítio e a construção... - Home... deixe de conversa, eu sei que num vale, ma é que eu quero me livrá do sítio e da construção, as duas coisas me traz muita angustia no peito, além disso Amparo, ta ficando moça, vive lá sozinha... sabe como é... a menina tá na oitava série, logo vai querer ir pra mais longe, o sítio... o sítio num tem importância... Vamo home, fecha o negócio que eu estou lhe ajudando...
- E o Abel? O que eu faço com o Abel, Seu Augusto?
- Ora rapaz, ele ainda num plantô, pago-lhe a limpa da juquira e lhe dou um dinheiro pra que ele volte lá pro Piauí, ele é problema meu...
- Intão tá seu Augusto, a gente faz negócio, mas oi home, é o sinhô que qué assim.
- Home deixe de bobagem e vamo lá na venda tomar tomar um vinhozim pra comemorar. Amanhã bem cedim vô cumê o bolo da Amparo e lhe dá essa notícia, sei que isso vai deixá ela muito contente...
As seis horas da tarde Maria do Amparo chegou ao sítio, quando abria a porta Abel veio ao seu encontro,falando:
- Menina, ispere, num feche a porta pro modi tenho coisa séria pra falá cum ocê...
Mesmo com medo a menina esperou. Quando o homem a alcançou segurou-lhe pelo braço, empurrou-lhe porta a dentro, com a outra mão tratou de rasgar-lhe a saia, a menina mordeu-lhe o braço, conseguiu escapar da primeira investida, quase alcançou a porta, porém, Abel foi mais rápido, novamente a segurou e deu-lhe um soco no rosto e menina desmaiou, então ele a levou até o quarto jogou-lhe em cima da cama amarrou-lhe os punhos e as pernas com as cordas de uma rede, retirou-lhe o restante da roupa e tocou-lhe por todo o corpo, quando a menina voltou a si ele a possuiu violentamente, e cada grito da vítima ele a esmurrava, a cada tentativa inútil dela, ele a agredia, quando terminou sua tresloucada ação Amparo tinha o rosto coberto de sangue os dois olhos fechados e inchados, então ele foi ao banheiro pegou um balde com água, um pano molhado e começou a limpá-la, quando estava a terminar a menina voltou a si novamente e começou a se debater; aquela ação da garota lhe encheu novamente de desejo e mais uma vez ele a possuiu, durante a posse, retirou a corda dos pulsos dela e colocou em volta do pescoço, no encerramento do ato a enforcou, saiu da casa e se dirigiu ao seu barraco, onde acendeu um cigarro, tinha o corpo suado e as vestes sujas de sangue, mas parecia que não percebera isso.
As sete horas da manhã Augusto chegou em casa, trazia nas mãos, pão e algumas flores, encontrou a porta da casa aberta e foi entrando...
- Amparo minha fia, vim cumê do bolo...
Da cozinha não veio nenhuma resposta, pra lá ele se dirigiu, na cozinha não havia ninguém e ele retornou a sala, não viu nenhum bolo, nenhum sinal de café, então ele se deparou na frente do quarto da filha a porta aberta e sobre a cama o corpo dela nu, com umas cordas amarradas nos pés, Augusto fechou os olhos, quando os abriu, viu de novo aquela cena que carregará enquanto viver, a filha morta enforcada, desfigurada, bateu-lhe um desespero, sabia que a menina morrera, que ela sofrera, de repente ele viu na mente o criminoso cometendo o crime, percebeu porque Teté não gostava de Abel, entrou em seu quarto pegou o revolver que guardava no armário e saiu, entrou no barraco de Abel uns três minutos depois, o empregado estava lá sentado, ainda sujo de sangue da sua vítima e Augusto lhe falou:
- Seu fí-duma-égua, você vai morrê... Apontou-lhe a arma para a cabeça e outro então lhe disse: -Mate... por modi que eu matei ela porque ela num mi queria, eu num matei só ela não, mate, porque senão eu vô li matá cabra! Augusto com a arma apontada para o criminoso tremeu, seus olhos se encheram de lágrimas e Augusto não atirou, Abel então foi se aproximando do já entregue Augusto, quando ouviu uma voz feminina a suas costas lhe dizer:
-Morra canalha!
Acordou num hospital algemado, sentiu uma dor nas costas e perguntou ao policial: - Ei moço, que to fazeno aqui? E o policial: - Cala tua boca pilantra, sua sorte é que a Dona Iaiá errou o lado da facada, botô a faca do seu lado esquerdo, porém você tem tanta sorte que o seu coração é do lado direito...
- E o pai dela... o pai dela?pergunta ao soldado - Esse, ainda hoje chora a fia mais nova, que você matou... Agora se cale . ele lhe responde
Durante o julgamento, quando perguntado pela promotoria porque não matou a Abel, Augusto trêmulo e com os olhos cheio d’água respondeu:
- Moço, me faltou coragem!

Liberdade Maranhense III

Libertamos o Maranhão empobrecido,
tantas vezes vilipendiado,
negociado e esquecido!

- Liberdade, ouçamos a voz do libertador...

Livre da dor o povo rirá,
mas quando e onde a liberdade,
livre estará?

Quem de nós bebe de seu licor?

Quem de nós é livre?

- Liberta-nos oh! Maranhão!

-Liberta-nos oh! Maranhão...

Liberta-nos de seus donos
e dos donos de seus mares,
não nos deixe, porém,
entregues a seus pares!

O povo livre precisa à liberdade viver...

Liberdade, liberdade abra as asas sobre nós!
Nós que não sabemos se somos livres
Ou se a liberdade queremos!

Que a voz da igualdade
soe um dia nesse estado emaranhado,
que é hoje o Maranhão!

Que a voz da liberdade
não se perca nos corredores leoninos,
que ecoe na voz do menino sem escola e destino
que liberte a menina a caminho dos velhos puteiros,
a menina desatinada, enganada,
que sonha com o estrangeiro!

- Liberdade...

Precisamos saber quem somos,
Tomar as correntes de nossos “donos”,
Sermos livres aqui!

Liberdade... liberdade...

Tira-nos grilhões,
dê-nos educação,
conscientização,
libertação,
pão... Paz!

Para uns tanto faz:
Eleição,
devastação,
desilusão...

Um dia faremos outro intento,
mais um pra libertar-te oh! Maranhão!

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Intriga

Ao colocar a mão na maçaneta da porta da casa ele percebe que estava apenas encostada, despreocupadamente abriu e entrou, afinal de contas outras vezes a esquecera aberta, lá dentro se dirigiu a cozinha onde abriu a geladeira e retirou a panela com feijão, na prateleira pegou a frigideira , colocou sobre a outra boca de fogo, apanhou uns ovos. Assim levava sua vida a trabalhar na sua roça e a comer de chofre sem os cuidados de uma mulher desde que Helena se mudara para a cidade, com o intuito de cuidar de Sinvalzinho, pois em Tremembé dizia ela, estava mais perto do socorro médico e o menino tinha umas crises graves de bronquite. Médico era só o modo de ela dizer, na verdade o menino teria o socorro do enfermeiro Jair, o melhor amigo que ele tinha e um enfermeiro de mão cheia. Enquanto pensava o feijão esquentou, despejou duas conchas no prato fundo, jogou a farinha por cima mexeu o ovo para mistura-lo a cebola picada e jogou por cima feijão com farinha, abriu a geladeira pegou um vidro de pimenta, um copo e uma vasilha d’água sentou-se em frente ao prato e comeu aquela comida simples como se fosse um manjar, ao terminar pôs o prato na pia e se dirigiu a sala, lá chegando recostou-se em sua cadeira-de-balanço para fazer uma pequena e rotineira cesta quando percebeu sobre a mesa um envelope amarelo; o pegou em sua mãos, estava endereçado a ele, mas não havia remetente, abriu-o e retirou uma folha de caderno manuscrita, começou a lê-la:


“Tremembé-Ba; 14 de junho de 1989.

Caro Amigo:

Sei que o Senhor está construindo seu futuro, com o sonho de mais tarde poder dizê a seu filho o quanto fez por ele, por isso passa a semana nesse mato, só vindo a nossa amada Tremembé nos sábados e retornando nas segundas pela manhã, isso eu tenho visto e isso me faz admira-lo. Por essa razão é que mesmo sem querê é que lhe escrevo essa missiva.
Meu caro, sua esposa Helena, a quem o senhor tanto ama, mão merece o amor que lhe tem.
Seu amigo Jair enfermeiro, não merece a amizade que o senhor lhe nutre.
Por duas semanas, com essa que meia completará a terceira, que tenho notado que sua esposa abre aporta para seu amigo as 10 da noite, e ele só sai as seis da manhã, outra noite esqueceram a janela do quarto aberta e de onde estava pude vê o cabra a beijá dona Helena efusivamente enquanto tiravam as vestes, ai perceberam o erro e fecharam a janela, ouvi que sorriam.
O senhor chega no sábado as oito da manhã, se se deitasse perceberia que sua cama está quente. Ainda outro dia vi o senhor devolver o relógio que o safado esqueceu em sua casa na noite anterior, desculpa dada por sua mulher, foi que ele tinha ido socorrer o menino...
Caro amigo o senhor, sinto muito:

É UM CORNO!

Um Amigo!”

Ele leu a carta novamente, como se engolisse cada palavra daquele apócrifo, a sua vida passou na sua frente, tentou se levantar da cadeira, mas suas pernas não conseguiram firmar seu corpo, escorou a cabeça com os ombros... “Aquilo não podia ser verdade”. E gritou pra dentro:
- É verdade... sim era a mais pura verdade e ela estava na nossa história de vida... Uma lágrima vincou-lhe o rosto tentou segurar o pranto, mas não conseguiu, soluços fizeram o choro romper seus preconceitos, chorou por mais de vinte minutos em meio do choro ouviu uma voz vinda do exterior...
- Seu Sinval... ei home ta cunteceno alguma coisa por aí... Limpou o rosto engoliu o pranto, secou a garganta e respondeu: - Não Ernandes, num tem nada acontecendo não.
- Já tamo ino continuá a poda o sinhô vai mai nóis...
- Pode ir, chego mais tarde... pra ver o resultado, até mais!
- Certo seu Sinval intonce eu mais Noca já vamo.
Ouviu os passos descendo alameda, então percebeu o maldito bilhete em suas pernas borrado pelas lágrimas, releu-o e o pensamento voltou-se a 85, a casa de sua mãe, ouviu a voz de sua mãe:
- Sinval deixe essa menina em paz meu filho, é só uma menina desse maldito lugar, sem futuro e sem saber, além disso ela não gosta de você meu filho, só vai lhe fazer sofrer...
Sua mãe morreu sem concordar com o seu casamento, achando que Helena não era a mulher ideal, seu pensamento em profusão o leva a outra discussão com a a mãe.
- Mãe, eu vou me casar com Helena porque vou comprar ela.
- Se seu pai ainda vivesse não permitiria sequer que você falasse isso. Mulher não se compra e mulher que se vende não serve para ser esposa, só pra ser puta.
O velho Sinval Neves morrera em 83, vítima de um câncer no pulmão, chegara a Tremembé em 60, adquirira 50 hectares de terra a beira do Baiano e grilara 950 hectares, casara com Dona Inês Melo em Ubatã e com ela tivera apenas ele, um filho que nunca quis estudar mais do que o ginásio apesar dos desejo expresso do pai.
Quando o velho morreu já tinha 26 anos e pensava em se casar, sua mãe queria que ele fosse a Ubatã ou a Ipiaú buscar alguém mais preparada para tomar conta da casa, nunca foi. Mas ele, em 85 vira a menina-moça Helena, 13 anos num corpo sinuoso, numa pele morena, a lindeza da baianidade praieira e desejou aquela menina e contra todos os argumentos maternos comprou Helena por uma casa e uma venda de secos e molhados para o pai dela e a fez sua mulher.
Vê-se então no dia do casamento, recebendo Helena da mão de seu Raimundo, o sorriso mais brilhante que já vira em sua vida. Recorda-se amando Helena, a nudez celestial de Helena, seus seios, seu umbigo, seu sexo... o cheiro de Helena virgem lhe penetra o nariz de novo, ainda hoje quando a ama o cheiro dela dá-lhe um sabor de virgindade.
Seus pensamentos levam-lhe ao nascimento de seu filho, a felicidade de ver seu menino nascer, ali naquele instante com o amigo Jair a fazer o parto ninguém estava mais feliz que ele, (Sinval)
E Jair, Jair era um cara bonito e inteligente cresceram juntos, terminara o ginásio graças ao amigo, Jair fora embora estudar medicina, mas como não conseguira ser aprovado na UFBA, fizera um curso de enfermagem e devido aos pedidos de seu pai retornara, voltara casado com uma moça de Salvador que três meses depois o abandonara e também um menino, ela havia dito que não se acostumava a vida de rotina de Tremembé.
O seu pensamento fervilhante o leva ao filho asmático com dois anos, era uma bronquite alérgica, e ele soluça, mas segura o pranto se levanta as pernas já não tremem, vai até o quarto senta-se a cabeceira da cama, abre a gaveta do criado mudo e puxa um revolver trinta e oito, abre o tambor, descarrega a arma, pega o óleo vegetal e começa a lubrificá-la, ao terminar recarrega e a coloca sobre a cama, levanta-se vai ao guarda-roupa escolhe uma calça escura e uma camisa preta as deixa sobre a cama, tira a roupa, pega a toalha e sai do quarto, entra no banheiro e banha-se; a água cai-lhe pelo corpo ele demora-se quase uma hora banhando. Sai, veste as roupas calça o sapato e coloca o revolver na cintura, aquele revolver parecia ter o peso de uma tonelada para Sinval, mesmo assim, apruma o corpo fecha a janela, rapidamente chega a porta da casa sai e desta vez tranca a porta, tranca e confere, sobe na picap, liga o veículo e sai como fazia todos os dias quando ia a cidade.
A mulher de Ernandes ao ver que o patrão saia lhe faz sinais e grita: - Seu Sinval, Ei seu Sinval... O sinhô vai pra rua... responde apressado. – Vô não, vô até a venda de seu Tibério! – Oxe... o Sinhô nunca vai lá....- Deixe de cunversa que eu tô com pressa.
Acelerou o carro antes que mulher pudesse lhe dizer ou pedir alguma coisa. Em vão ela lhe chamou: - Seu Sinval... ei... nossa parece que vai salvá um doente... nessa pressa...
Meia hora depois estaciona o carro na frente da venda do Tibério e da porta fala:
- Quero um litro de uísque, daquele que meu pai bebia...
- Seu moço, tem mais não, seu tio bebeu o último a sumana passada...Respondeu o homem atrás do balcão
- Então me vê um litro de conhaque macieira...
- É pra já meu bom.
O litro veio acompanhado de um copo, que ele rejeitou e começou a beber pelo gargalo. – O moço tá cum sede... – Escuta Tibério quem desceu a bocana de minha fazenda hoje entre 10 e 11 horas? Perguntou após beber o primeiro trago e sem deixar o outro concluir sua frase. – Vi não home, nessa hora estava matando e tratando um porco pra nóis... Pro mode quê? – Por nada não. Falou e votou a beber. O dono da venda ainda tentou conversar com ele, mas Sinval passou a responder-lhe por monólogos, bebeu o litro de conhaque em menos de uma hora, bebeu e levantou-se ao lado do carro vomitou, voltou e pediu uma cerveja, aceitou um sarapatel que o vendeiro lhe ofereceu, bebeu sozinho mais uma quatro cervejas, pagou sem discutir o preço e saiu.
Guiava a picap bem devagar como se quisesse atrasar sua chegada a Tremembé, na última curva estacionou o carro, desceu e olhou o relógio era oito horas da noite, então tomou o caminho pedregulhoso e caminhou por mais de 1,5 quilômetros até a beira do rio Baiano, naquele ponto o rio ganhava uma queda d’água bonita e ele parou a sentou-se e ficou como se estivesse a contemplar, na penumbra daquela o que via era o lençol branco a descer e se perder na escuridão, sua mente voltava-se a Helena, aquela hora o que ela estava a fazer? Estava se banhar, a se perfumar e a aguardar pelo seu amante... toda a bebida que havia consumido no Tibério já não lhe fazia efeito, olhou o relógio, o tempo voara faltavam quinze para as 10.
Naquele instante, a casa amarela da Rua da Esperança, a maior casa dessa rua abria sua porta e sorrateiramente Jair entrava , entrava e beijava a boca da mulher que lhe abrira a porta. Sem conversas, abraçados se dirigiram ao quarto e se começaram a fazer amor sofregamente.
Sinval descia a rua com sua picap, rua silenciosa e vazia, poucas casas tinham janelas abertas, o carro ia devagar no ponto morto, o estacionou em frente a venda do sogro de sua casa, que aquele hora dormia, a uns 50 metros de sua casa, enfiou a mão no porta-luvas trouxe o revolver, abriu-lhe o tambor e conferiu a munição, desceu do carro e o colocou na cintura, silenciosamente caminhou até o portão de sua casa, observou que a luz da sala estava acesa, lembrou-se que ao abrir o portão rangeria e sem muitos ruídos saltou o muro. Do outro lado alguém escondido na penumbra da sombra de uma mangueira sorria observando seus gestos.
Na porta levou a chave e girou-a, sem ruídos a porta se abriu, caminhou até a porta de quarto, lá de dentro gemidos e gritinhos de prazer denunciavam que os amantes estavam se amando, olhou o relógio eram 10:10 puxou o revolver, abriu a porta devagar. Jair estava nu de costas para ele e sua mulher de quatro em cima de sua cama era segura pelos longos cabelos como ele, (Sinval), jamais fizera.
Encostou o revolver na cabeça do amigo e disparou, Helena pôs-se a gritar enquanto o peso do amante a prendia, então Sinval virou o revolver em sua direção e disparou duas vezes, um tiro a atingiu as costas na altura do peito esquerdo, o segundo a atingiu na face abaixo da orelha direita. Verificou se ambos estavam mortos, confirmando, caminhou até a porta do quarto posicionou o cano do revolver no lóbulo atrás de sua orelha direita e puxou o gatilho.
Pouco tempo depois a casa era invadida por vizinhos, no meio deles a pessoa que sorria sob a mangueira se satisfazia ao ver os três corpos estendidos no quarto.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Eleições 2009 - Viva o Servidor

Nossa "mídia", parte dela já escolheu seu lado nas eleições sindicais, com textos em jornais e defesas claras em suas colunas e programas, aliás um homem da mídia pertence a uma das chapas, fazem omilia a Chapa Independência é Assim. Eu gostaria de que me respondessem abaixo as perguntas:

1. O candidato a presidente da dessa chapa esteve lotado na Secretaria de Agricultura e jamais cumpriu horários ou realizou qualquer coisa, está lotado na Sec de Meio Ambiente e sequer sabe o nome do secretário é funcionário concursado como Fiscal, mas de quê? Qual é o seu trabalho mesmo?

2. A chapa 2 faz críticas a chapa 1 - chamando-a de Chapa Branca, mas quem tem diretores de mandatos anteriores são eles, um deles inclusive quando a frente da ASEMA,fez negociatas em seu próprio benefício, quando deveria defender os interesses dos servidores,a outra quando esteve a frente do SINTRASEMA conseguiu um reajuste de 20,5% QUE JAMAIS ESTEVE NO SALÁRIO DO SERVIDOR, além disso durante um movimento paredista para não confrontar o prefeito abandonou o servidor a sua sorte. Portanto, quem de fato faz ou fez parte de governo?

Ação Cautelar 541/2009

Meritissimo Dr: Higino Diomedes Galvão, sua ação obstruiu o processo eleitoral do SINTRASEMA, o senhor deveria ser mais justo, julgando sua ação mais rapidamente, pois supomos que Chapa "Idependência é Assim", seja de fato inelegível, mas consiga se eleger, o senhor sabe nos dizer quanto tempo levará e em quantos tribunais correrá essa ação. Dr. Higino, o sr certamente sendo jurista entende mais que eu que sou leigo, mas gostaria que o senhor respondesse mais rapidamente onde há ilegalidade na ação da Comissão Eleitoral.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Abraçados

Também não sou o poeta de um mundo caduco,
Mas cantarei o mundo futuro.
Estou liberto da vida e percebo meus companheiros,
estão felizes e nutrem grandes esperanças.
Com eles, considero a enorme fantasia.
O presente é pequeno, nos afastemos.
Nos afastemos muito, vamos abraçados.
Sou o poeta de uma mulher, de uma história,
direi suspiros do amanhecer, a paisagem vista da janela.
Também não distribuirei entorpecentes ou cartas de um suicida,
mas fugirei para as ilhas e serei raptado por serafins.
A fantasia é minha matéria, o tempo futuro, os homens futuros,
a vida futura.


"Sei da distância que me separa de Drumond, mas não gosto de sua poesia realista, por isso tentei contrariá-lo em "De mãos dadas" usando os mesmo número de versos e até uns versos seus"

Derradeiros

Quero lhe falar do mar que se atira em meu peito
Quando pronuncio seu nome e vejo seus olhos...
São tantas as palavras em que me deito
Que já nem sei direito o que é amar!

E você que entende o que digo
Não quer ouvir de meu amor
Ou por um instante ser feliz comigo
Vive fechada em sua dor.

Não, não posso lhe dar meu dia
Nem ao menos um lapso no horizonte
Posso lhe dar um beijo e minha agonia
Com ela construir uma ponte

O sol, o mar, a brisa a nos beijar...
E eu queria apenas seu beijo
Tenho você no meu peito
Vivendo sem ter o direito de lhe fazer sonhar!

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Usurpação e a Usurpadora

O Maranhão deve ser visto pela grande mídia do Sul / Sudeste como se fora uma grande fazenda, ou uma região exótica e inóspita onde se visita nas férias. O Maranhão não é a Região dos Lençóis Maranhenses, também não é a Pré Amazônia, devastadíssima por sinal. A população maranhense não é formada apenas por caboclos, índios e negros, aqui nem todos devem favores aos Sarneys, alias a maioria da população viveu e vive a margem desse favorecimento e durante quatrocentos anos mais de 25% da população sub-existiu abaixo da linha da pobreza.

O Maranhão dos Sarneys fomentou e praticou uma anti-reforma agrária, colocou milhões de hectares nas mãos de pouco mais de uma dezena de empresários a industria o comércio e a chamada grande mídia do estado está nas mãos da família Sarney e seus aliados, o trabalhador, o povo viveu entre a semi-escravidão do trabalho rural e alienação do emprego urbano onde o respeito aos direitos básicos jamais foi cumprido.

Durante pouco mais de dois anos o povo maranhense participou de um governo democrático e municipalista, os recursos destinados ao pobre de fato começaram a chegar a mesa e a casa dos pobres. A educação trouxe cidadania, combateu-se o trabalho escravo, agricultura familiar recebeu incentivos, mas pasmados vimos tudo isso sucumbir a decisão mais antipovo tomada por um tribunal e favorecida por ela a família Sarney e seus amigos retoma o poder no Maranhão. A usurpação se prevaleceu sem que nenhum veículo da grande mídia fizesse qualquer questionamento, nem a FSP, tão anti-Lula dedicou uma linha de contestação, a Globo, através de uma de suas vozes, inicialmente, fez uma pequena observação contra.

E hoje as 09 horas, o Maranhão estará novamente nos ferrões dos marimbondos de fogo.


- Viva a justiça!

- Viva o TSE!

- Viva a Ditadura do TSE!


Açailândia; 17 de abril de 2009.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Canto do Medo

A rosa é a poesia,
cada pétala, cada verso;
cada pétala, cada riso
e o mundo e xenofobia
e o mundo é medo.
A brasileira riscou em sua pele o SPV,
na alma,
na carne
e em seu futuro puro
e destruído!

A rosa é a vida
linda em cores e espinhos
eu já nem sei seu nome
onde ponho meus pés,
onde canto minha lira...
a coral enredou-se na árvore,
comeu o ninho,
e o PT incomoda porque cresce,
cresceu,
e vozes descabidas
que reinavam pelo rei
gritam seu medo
o mundo é só xenofobia
o mundo é só medo!

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

A Periferia Vagalume

Ontem a noite a CEMAR fez de minha pobre vila descalça, Vila JPII, um vagalume foram 16 cortes rápidos de Energia Elétrica, sem explicações e sem justificativas. Assim, nossa vila além de esburacada e descalça recebe um novo título a de Vagalume Periférico. Viva o Maranhão dos Sarneys e dos Lagos!
Viva!

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Dois Pequenos Comentários

1) Estranhamente, a Grande Mídia pede a Extadição de Batisti, sem se importar com a declaração de entreguismo que se fazem. Não que Batisti seja inocente, ninguém é Inocente na Luta por uma sociedade mais justa; aliás justiça foi o que faltou quando o julgaram na Itália.QUANDO O BRASIL PEDIA A EXTRADIÇÃO DE CACCIOLA, nenhum veículo da Grande Mídia foi tão fervoso em defesa do Brasil Claro, CACCIOLA É SÓ UM LADRÃO DE COLARINHO BRANCO, COMO TANTOS OUTROS QUE AINDA ESTÃO SOLTOS E COMENDO NO BRASIL.

2) Mesmo na Administração Pública, muitas vezes o resultado não é só eleitoreiro, às vezes se avalia o técnico e o finaceiro e um "Pequeno" ocupa o lugar que "um grande" acha que é dele, mesmo aqui em Açailândia.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Sobre Nós, o Céu e o Mar

Creio no sonho,
na prosa,
na poesia,
no inverso de minha agonia
e na imensidão do girassol!
Sei que você sorri
rindo de mim,
de meu querer que lhe tenho
e de meus versos...
Mas preciso de seus lábios,
da avidez de seu amar,
do gozo infindo em seu olhar,
porém entre nós há um mar
que obstaculiza,
uma profunda baliza
a nos cercear...
Meu ser de ego imenso
e seu desejar intenso
Não conseguem superar,
nos permitir amar!
Somos dois,
unos afastados em paralelas
a voar raso...
Jamais alcançaremos vôo pleno
jamais teremos nosso voar,
entretanto,
jamais é tão distante
e o infinito é bem ali
entre o céu e o mar!

Pequeno Texto Atual

Mãe e filha


A chuva fina caiu à noite inteira enquanto o vento gelado varria as descalças e vazias ruas de minha pequena vila. Porém o cenário de inverno era incoerente com o período do ano, final de verão, o local, tão próximo da linha do Equador e, principalmente, com o sentimento dos moradores de nossa vila, agora com água abundante para suprir nossas necessidades básicas.
Nossa vila foi fundada em novembro de 2005, um mês antes do Natal e, nós, seus moradores, estávamos a sofrer com a escassez desse líquido precioso desde então; como sofremos com a irregularidade do ônibus, como sofremos com o excesso de animais soltos em nossos quintais, como sofremos com o fato de nossas ruas serem descalças e como sofremos com o fato de nossas crianças estarem sendo criadas descalças devido a nossa pobreza.
Não podemos deixar de dizer, entretanto, que apesar dos pesares somos felizes moradores de casas de alvenaria, com ruas iluminadas, saneadas com pequenas fossas e sumidouros, nossas ruas são piçarradas, e temos um transporte coletivo mesmo que defeituoso e irregular. Vilas mais velhas não têm isso tudo, algumas nada tem.
Claro que essa justificativa é injusta; injusta conosco, mas principalmente, injusta com os moradores de outras vilas de nossa descalça e hoje já não acéfala cidade.
Açailândia tem a cara de seu acefalismo anterior ou ulterior, se é que aquele e esse verbete cabe aqui, a maioria de suas ruas nada tem de infra-estrutura urbana, ou quase, cresceu desordenadamente, indevidamente num desenvolvimento com diversos ciclos de explosão demográfica e não teve administrador ou administração que lhe corrigisse, que lhe ofertasse aparência de cidade. Cresceu sem rumo, sem prumo, descalça e acéfala, tornou-se maior que a imaginaram.
O povo, quase todo ele imigrante que veio “fazer a vida” e quem sabe retornar, nunca se preocupou de fato com a aparência da menina-cidade-crescida. Os imigrantes em sua maioria ruralistas, também não se preocuparam com educação, saúde e cultura; diga-se aqui, porém, que cada um trouxe sua cultura, só que Açailândia não antropofagiu, culturalmente isso é necessário para que se crie uma identidade cultural própria, por enquanto além de descalça, Açailândia se vai numa Babilônia de culturas, com alguém querendo lhe por ordem, dar-lhe rumo... Mas descalça, ela caminha, com as escavações para os alicerces de sua trajetória de cidade-região abertas em cada criança nati-viva que cresce em suas ruas; assim como minha vila descalça, sua filha.


Açailândia, 06 de março de 2006.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

LEMBRANÇA OU LAMBANÇA

A classe patronal brasileira, quando a economia vai bem luta para reduzir os direitos trabalhistas, o bolo, o lucro fica sempre com eles... Mas quando a crise bate a porta, a classe patronal brasileira bate na porta dos sindicatos "lembrando" dos trabalhadores para pedir redução de salários. Quando a crise acabar o que acontecerá?
A classe patronal, empresários e governo demorarão uma eternidade para recomeçar a recuperação salarial.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Pontos e Ecos

Qual de nós beijará nossa boca,
calará nossa dor,
atiçara a chama louca
e pedirá mais amor?!
Você é linda,
estendo a mão,
toco sua face
e perco seu riso...
Silenciosa rua que lhe viu passar...
Onde está a rosa
senão na poesia?
Como viverei sem seu cheiro?
Como viverei sem o mar?
Bate em mim um desespero,
Como viverei sem seu amar?
Você é linda, mas não está aqui
e está em mim jogando-me as pedras,
A solidão... Sólida, cruel,
minha amiga
que me atira aos espinhos,
a saudade...
da felicidade que não mais sinto,
Do beijo que já não tenho...
seu beijo!