terça-feira, 9 de setembro de 2008

Construindo Uma Civilização

(Desmatamento na Região/Arquivo Pessoal)

Chegamos de fato em pleno “milagre econômico”, Açailândia não passava de uma vila perdida a beira da Belém – Brasília, as margens de um riacho coberto de açaizais. Naquele tempo poucos criam que o progresso chegasse a estas paragens. Porém fomos chegando de todos os lugares do nordeste. Éramos baianos, pernambucanos, cearenses, vínhamos do sul, gaúchos, catarinenses, mineiros, capixabas e paulistas e a vila foi crescendo, tomando forma; a mata que a circundava ia sumindo em forma de mesa, cadeira, tora, tábua, ripa e o que parecia se perder caia no forno, virava carvão na imensidão de caieiras que o lugar ganhou.


(Carvoaria em atividade/Arquivo pessoal)

O tempo passou, nos anos 80 do século XX, a madeira e o ouro de “Serra Pelada”, fez muita fortuna e muita desgraça. Nos anos 90, restolhos de madeira na região e o início do Pólo Siderúrgico aumentaram a migração e chegamos ao século XXI sendo mais de 100 habitantes, homens humanos no município, ainda não sabemos, mas caminhamos para o fim.
Nossa economia, baseada no extrativismo de recursos naturais não-renováveis está à beira de um colapso, porque já não há madeira para o carvão, matéria-prima essencial para a produção do ferro-gusa, de nossa economia a sustentação. Fato, que ainda não atentamos e que as guseiras fingem não perceber, pois parece que elas fazem o jogo econômico do gafanhoto, alimentar-se-á até a última árvore e depois nos abandonará em desertos verdes ou arenosos, mas improdutivos e inviáveis.


(Carvoaria em plena Atividade/Arquivo Pessoal)

Sim o município já possui hortos florestais, porém não são grandes áreas de recuperação da floresta nativa, da velha Amazônia Maranhense, mas hortos florestais australianos; de eucaliptos; sim temos eucaliptais espalhados por todo o município, próprio para a produção de carvão, mas inviável quando se trata da preservação da fauna regional, ou seja, imensos desertos verdes, que poluirão com sua clorofila exótica e seu carvão, que tornarão mais ricos os empresários e mais pobre a fauna regional ou mais doente e explorado o trabalhador braçal semi-analfabeto que constitui a imensa maioria da população açailandense.


(Imagem Urbana de Açailândia-MA/Arq., Pessoal)

Sim, a cidade de Açailândia-MA cresceu para todos os lados: para norte, para o sul, de forma desordenada sem planejamento ao bel-prazer dos proprietários das terras que a cercavam. A primeira impressão para o chegante é que está na periferia de uma grande cidade, e que logo vai se encontrar no centro dela; porém o centro da cidade se confunde com a sua periferia, seja por causa de sua urbanidade desurbana, seja pela falta de identidade e identificação. Açailândia não possui saneamento básico, não de fato Açailândia não possui uma rede de esgotos, portanto a maioria de seus prédios possui fossa séptica, claro nos bairros mais nobres, ou na vila mais nova; em alguns lugares da periferia há de fato, uma “privada”, onde fazemos nossas necessidades fisiológicas. O Centro ainda possui ruas sem calçamento e poucas são as asfaltadas, ainda há muito terreno baldio, no centro da cidade, em sua praça principal há pelo menos um e, dificilmente há rua que não possua um terreno aberto. As erosões comem suas encostas e suas ladeiras também. As erosões são frutos das chuvas, mas da falta de uma política de infra-estrutura que priorize a erradicação desse mal, combatendo não as conseqüências, mas a causa que é a exposição do solo as intempéries climáticas.

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